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Notícias
Cejor uma Comissão que luta há 35 anos pelos direitos do jovem do campo
Faziam apenas dois anos que o Brasil tinha passado pelo processo de redemocratização, que trouxe novamente a democracia ao país, e a insatisfação dos jovens rurais que não se viam representados nas políticas públicas vigentes na época. Foi nesse contexto que surgiu a Comissão Estadual de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (Cejor), criada em 1990 no estado de Pernambuco. A iniciativa foi da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape) e tinha o objetivo de discutir políticas públicas para essa população e também de gerar, na juventude rural, novas lideranças sindicais.

Com a criação dessa comissão, ações como o 1º Encontro Municipal de Jovens do STR de São José do Egito, em 1997, na comunidade de São Pedro, no sertão do Pajeú, foram realizadas para debater políticas públicas para a juventude rural. Em 2002, por meio da Cejor, a Secretaria de Coordenação da Juventude da Fetape foi fundada, tendo como coordenadora Lucenir Santos, à época uma jovem militante participante da Cejor na cidade de Triunfo, no sertão pernambucano. “O trabalho de reivindicação dessa comissão foi fundamental para a criação dessa secretaria da juventude, que impulsionou as discussões sobre esse público, antes cuidadas pela Secretaria de Organização e Formação”, destaca Lucenir, que atualmente é assessora da Fetape no Polo Sindical Sertão Central.

Desde sua fundação, a comissão de jovens é formada por 20 participantes, respeitando a igualdade de gênero; dessa forma, sempre são dez homens e dez mulheres. O atual diretor de Política para Juventude da Fetape e também coordenador da Cejor, José Severino Silva (Dedé), fala da recente conquista da comissão para o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR). “Conseguimos, por meio do Pronaf Jovem, 8 mil reais para que a juventude de Pernambuco possa investir nos seus empreendimentos”, afirma Dedé.

Uma das participantes atuais da comissão é Eldiva Santos, 25 anos, moradora do município de Vitória de Santo Antão, na Mata Sul de Pernambuco. Participando da Cejor desde 2019, ela aponta que sua atuação vem trazendo bons resultados para sua comunidade. “Eu participei do projeto Agroecologia e Cidadania: Juventudes na Luta por Direitos, organizado pela Universidade Rural de Pernambuco, e nele eu tive a oportunidade de debater sobre as necessidades dos jovens do meu município e também pude pensar em soluções para esses problemas”, pontua Eldiva.
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Depois de 35 anos, algumas das lideranças formadas pela Cejor se destacam no cenário político e sindical. Um exemplo dessas jovens lideranças é a atual presidenta da Fetape, Cícera Nunes, que também é a primeira mulher a presidir a federação. Ela ingressou na Cejor enquanto jovem militante rural na região de Serra Talhada e, por meio dessa comissão, conseguiu articular muitas ideias de políticas públicas para a juventude logo no início da história da Cejor. “A Cejor foi, para mim, um local de oportunidade para conhecer a realidade de outros grupos e também um espaço que me incentivou a cursar o ensino superior em Serviço Social”, destacou ela.

Outro exemplo de liderança que foi moldada na Cejor é o deputado federal Carlos Veras. Integrante da Cejor em 1990, viu nessa comissão uma oportunidade de formação e empoderamento da juventude rural para enfrentar os desafios da vida no campo. “A minha participação me ensinou a importância de os jovens ocuparem os espaços de poder, tendo em vista a missão de defender seus próprios direitos”, comentou.
Atualmente, a Cejor funciona com participantes dos dez polos sindicais da Fetape, com representação sendo reeleita ou renovada a cada dois anos.
Política Nacional voltada para a juventude é sancionada

O presidente Lula sancionou, no último mês, a Política Nacional de Juventude e Sucessão Rural. Essa nova legislação tem como objetivo articular políticas públicas para promover o desenvolvimento sustentável nas áreas rurais do país. O plano é focado principalmente em jovens de 15 a 19 anos, que, segundo a Secretaria-Geral da União, representam 22% da população brasileira, mas também abrange agricultores familiares, povos indígenas e comunidades que vivem no campo. A criação do plano é uma resposta às demandas históricas dessas juventudes, que buscam melhores condições de vida e a permanência no meio rural.
Conheça a LEI Nº 15.178, DE 23 DE JULHO DE 2025, que Institui a Política Nacional de Juventude e Sucessão Rural e o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural:
Fonte: Nilton de Souza